Olá amigos(as)!

Hoje nosso post é sobre Mateus 5 e sua explicação, mas não é apenas um exercício de interpretação bíblica, é uma jornada ao coração do Evangelho. E começamos essa caminhada no silêncio da montanha, onde Jesus abre os lábios e revela palavras que atravessam séculos. Ele não dita regras, mas revela um caminho. Um caminho estreito, sim, mas repleto de promessas. Mateus 5 não é apenas um discurso: é o retrato do Reino de Deus desenhado no coração humano.

Ali, onde o vento sopra livre e a multidão escuta atenta, começa o Sermão do Monte. E cada frase de Jesus é como uma semente: pequena, mas capaz de transformar um mundo inteiro. Imagine-se lá ouvindo!

Mateus 5 explicacao do sermao do monte

Mateus 5,3 Explicação de “Bem-aventurados os pobres de espírito”

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus.”

Essa pobreza de que Jesus fala não é a falta de bens, mas a ausência de orgulho. O pobre de espírito é aquele que não se apoia em si, mas se entrega. Reconhece que tudo vem de Deus até mesmo o próprio fôlego. E por isso, já pertence ao Reino: porque já não se pertence.
Aqui começa o caminho. A primeira bem-aventurança é a chave de entrada no Reino. O “pobre de espírito” não é alguém abatido, mas aquele que se esvaziou da arrogância espiritual.

Santo Tomás de Aquino explica que essa pobreza é uma disposição interior de humildade, onde a alma reconhece que tudo vem de Deus e nada é conquistado por mérito próprio. É o oposto do fariseu autossuficiente.

Mateus 5,5 Explicação de “Bem-aventurados os mansos”

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.”

A mansidão não é fraqueza. É força domada pelo amor. O manso não reage com ódio, não se impõe com violência, não carrega vingança nos olhos. Ele herda a terra porque já habita nela como servo, não como dominador. Porque, aos olhos de Deus, herdar é antes de tudo saber acolher.

A mansidão é uma virtude esquecida. No mundo da autopromoção, ela parece fraqueza. Mas em Jesus, vemos que a mansidão é a força domada pelo amor.

A “terra” que os mansos herdam não é apenas uma promessa futura, mas uma forma de habitar o mundo sem precisar dominá-lo. Como explica Dietrich Bonhoeffer em O Discipulado, “os mansos renunciam a seus direitos e confiam em Deus para defendê-los”. Eles vencem sem violência.

Mateus 5,8 Explicação “Bem-aventurados os limpos de coração”

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.”

Quantos querem ver Deus, mas não O reconhecem por trás das aparências? O puro de coração não é perfeito, mas é verdadeiro. Não há duplicidade nele. É alguém cujo interior não está dividido. Ele não busca a Deus por interesse, mas por amor. E é por isso que o enxerga — não apenas no templo, mas na vida.

Santa Teresa de Ávila dizia que o coração limpo é aquele onde Deus pode descansar. É uma alma simples, que não se esconde atrás de aparência ou duplicidade. Só os limpos de coração conseguem ver Deus, porque não O deformam com seus próprios desejos.

Mateus 5,9 Explicação “Bem-aventurados os pacificadores”

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.”

O pacificador não é um indiferente à dor, mas um construtor de pontes. Onde há guerra, ele planta escuta. Onde há ruptura, ele insiste na reconciliação. Ser chamado filho de Deus não é só título, é reflexo. E o reflexo mais puro de Deus é a paz.

O Catecismo da Igreja Católica (§2304) diz que “a paz não é apenas ausência de guerra, mas a tranquilidade da ordem, fruto da justiça e da caridade”. Pacificar é uma missão divina, e quem se compromete com ela torna-se, de fato, semelhante ao Pai.

São Francisco de Assis é um dos exemplos mais vívidos desse versículo, pois buscava reconciliar onde havia divisão, e irradiava paz mesmo em meio às tensões.

Mateus 5,13 Explicação “Vós sois o sal da terra”

“Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar?”

Não basta existir é preciso temperar o mundo com aquilo que recebemos de Deus. O sal conserva, purifica, dá sabor. E quando o cristão perde esse sentido, perde também seu lugar no mundo. Ser sal é viver de forma que, por onde passarmos, a vida tenha mais gosto de eternidade.

Sal conserva, purifica e dá sabor. Jesus está dizendo: “vocês são aqueles que preservam o mundo da corrupção e dão sentido ao que parece banal”.

Segundo Orígenes, o sal aqui representa a sabedoria divina que o cristão carrega dentro de si. Mas se ele perde esse sabor se perde a coerência de vida e não serve mais como sinal de Deus no mundo.

É um chamado à vigilância: ser sal é ser sinal do Reino, ainda que invisível.

Mateus 5,14 Explicação “Vós sois a luz do mundo”

“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.”

Cristo é a luz verdadeira (Jo 8,12), mas Ele a transmite aos seus discípulos. Eles não são a origem da luz, mas refletem-na.

Santo Ambrósio disse certa vez: “Cristo brilha em nós como a lua brilha com a luz do sol”. Assim, cada cristão é chamado a refletir a luz de Cristo em sua vida comum nas palavras, nos gestos, nas escolhas.

Luz não serve para si mesma. Ela ilumina os caminhos dos outros.

A luz não é para si mesma. Ela existe para os outros. Nossa fé deve ser como a lâmpada acesa: não para exibir, mas para iluminar. Não há espaço para um cristianismo escondido. Se fomos iluminados por Cristo, é para que outros também encontrem o caminho.

Mateus 5,21 “Ouvistes que foi dito: Não matarás”

“Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.”

Jesus não revoga a Lei. Ele vai além. O assassinato começa no coração, na palavra maldita, no desprezo silencioso. Nem toda morte é com as mãos. O que dizemos, ou deixamos de dizer, pode ferir com profundidade. O verdadeiro discípulo é chamado à vida inclusive na maneira como trata o irmão.

Jesus cita o mandamento, mas o leva além da letra. Ele não quer apenas que evitemos o homicídio. Ele quer curar a raiz do ódio, da raiva mal resolvida, das palavras que matam silenciosamente.

Segundo São João Crisóstomo, o que Jesus faz aqui é uma cirurgia espiritual: “Ele retira não só o fruto podre, mas a raiz que o produziu.” O discípulo de Cristo não deve apenas evitar o mal, mas transformar o coração para que o mal não brote mais dali.

Mateus 5,22 “Qualquer que, sem motivo, se encolerizar…”

“Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo…”

Jesus nos chama à responsabilidade pelas emoções que cultivamos. A ira injusta é uma raiz amarga. E, muitas vezes, ela se expressa em palavras destrutivas ou em indiferença. O Reino que Ele anuncia não se constrói apenas com boas ações, mas com corações convertidos livres da raiva que aprisiona e prontos para o perdão que liberta.

A cólera é fogo destrutivo quando não é dominada. Jesus nos lembra que não é apenas o gesto que importa, mas a intenção. Palavras como “raca” (insulto da época) já carregam em si o veneno da violência.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 2302), “a ira é um desejo de vingança que pode se tornar mortal quando leva a desejar seriamente o mal para o outro”.

Thomas Merton escrevia: “A raiva silenciosa pode queimar a alma por dentro e fazer do amor uma mentira”. Jesus não condena a ira justa, aquela que defende o bem, mas sim a raiva que nasce do ego ferido, da vaidade, do orgulho.

Aqui Jesus nos chama a um caminho de reconciliação interior. O julgamento começa no invisível. E a santidade também.

Considerações Finais

O Sermão do Monte, especialmente Mateus 5, não nos apresenta apenas exigências éticas. Ele nos mostra o que acontece quando o coração é tomado por Deus: nasce um novo modo de viver.

Essa vida é humilde, mansa, reconciliadora, pura, luminosa. É um reflexo do próprio Cristo. Como disse São João Paulo II

Mateus 5 não é apenas um discurso religioso. É um retrato da alma cristã. Jesus não exige perfeição, mas sinceridade. Ele nos convida a olhar para dentro, para reconhecer que a verdadeira justiça começa onde ninguém vê — no coração. E é a partir desse lugar que o Reino dos Céus começa a florescer.

Os versículos bíblicos citados neste artigo são da versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), uma tradução em domínio público amplamente utilizada por cristãos de diversas tradições.

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